Dibobs – algumas lojas se utilizam do sistema de máscaras para preservar a identidade do cliente e deixá-lo mais a vontade dentro da loja. Vocês se utilizam desse recurso?
Funcionário – não usamos isso aqui. As pessoas vêm aqui normalmente. Não encaramos nossa profissão como tabu. Acho que as pessoas estão mais preocupadas em quem vai vê-las saindo da loja, esse é o grande tabu. Quem está lá dentro? Nem importa.
D – Faz tempo que você trabalha aí na loja?
F - Há mais ou menos um ano e meio. Antes eu trabalhava pra uma empresa que programa sites, saí de lá e vim trabalhar aqui (Anjo Sado). Mas assim que cheguei perguntei a mim mesmo: “Nossa! O que é que eu to fazendo aqui?”
D - Mas não é o sonho de todo homem trabalhar numa sex shop?
F – O ambiente é ótimo, os funcionários são legais e sim: é o sonho de todo homem trabalhar numa sex shop! Melhor ainda é a reação das mulheres quando digo que trabalho lá. Tipo “onde você trabalha?” e eu repondo “Numa sex shop” e elas fazem “Uou!”. É engraçado. (risos)
D – Falando nas mulheres... Elas comparecem bastante na loja?
F – E muito. As mulheres são mais taradas que os homens. Nossa loja tem até uma Maison todinha só pra elas. Tem até história de velhinhas que compram vibrador. E são muitas viu?
D – Teria idéia de quantas?
F – Olha, isso eu não posso te responder, mas são muitas (velhinhas), muitas mesmo.
D – Então, na sua opinião, as mulheres gostam de homens adeptos aos itens de sex shop?
F – Me desculpe. Mas acho que toda mulher gosta mesmo de um homem bem cafajeste, bom de cama e que goste de escutá-la. Esse seria o homem ideal.
D – Você tem namorada? Ela gosta do seu trabalho?
F – Noiva. Ela sentia um pouco de ciúme no começo. Antes eu não entendia nada do assunto e agora recomendo. Eu até compro as coisas aqui. Acho que o sex shop foi feito pra somar e não subtrair.
D - E a sessão gay?
F – Não existe sessão gay.
A loja é enorme, tem cabines fechadas para o acesso à internet os vídeos são distribuídos por categorias, mas isso não constitui uma sessão gay. Sem falar que a maioria dos produtos atende todo o nosso público seja ele gay ou não.
D – De tudo o que você já viu no seu trabalho, o que te chamou mais a atenção?
F - Os artigos são muito perfeitos, as próteses (pênis) são muito reais. Existe vibrador de todos os tipos, todos os tamanhos e pra todos os gostos. E as vaginas... Nossa! Têm até a textura parecida. É tudo muito real.
D - E qual a situação mais bizarra você já presenciou?
F – Uma vez chegou um homem querendo comprar uma prótese (pênis) de 25 cm de comprimento e 8 cm de diâmetro. Ele tinha contratado um negão com essas medições para fazer um ménage a trois (sexo a três) com a esposa no fim de semana. Fiquei sem saber se a prótese era pra ela ou pra ele. Coisa de louco! E eu também não ia perguntar né? (risos)
D – Você também tira dúvida dos clientes pelo MSN da loja, como é pra você?
F – É muito engraçado, começando pelos próprios nomes como, por exemplo, cachorra safada, só gosto a três, louco por sexo e por aí vai. Esses são mais leves, mas também tem gente normal que coloca nome normal mesmo.
D- Já sofreu preconceito por trabalhar em sexy shop?
F – Não. Eu considero um trabalho absolutamente normal e digno como qualquer outro. E também não é algo que fica estampado na minha testa. Se você me visse na rua, nem ia imaginar onde eu trabalho.